Estudantes enfrentam até nove horas de prova na Olimpíada Internacional de Matemática Ao todo, alunos precisam resolver seis problemas, que são separados em dois dias de teste. Em cada um, eles têm quatro horas e meia para elucidar as questões. Além de dominar o raciocínio lógico, os competidores também precisam de muita criatividade.

Por Paula Martini
Um grupo com adolescentes de vários países desembarca no Rio de Janeiro na mesma data. Ao ouvir isso, você, provavelmente, imagina eles indo à praia ou curtindo festas.... mas não é exatamente essa a programação de centenas de jovens que vão estar na cidade em julho, quando acontece a Olimpíada Internacional de Matemática. Durante a maior competição da área, os estudantes vão passar até nove horas numa sala pra resolver problemas complexos. 
A prova é composta por seis questões, que são dividas e aplicadas em dois dias. Para não estourar o tempo, os alunos têm, em média, uma hora e meia pra responder cada uma. O mais curioso é que as soluções, nem sempre, são através de cálculos ou fórmulas. O professor Rodrigo Villard, que já representou o Brasil em torneios internacionais, diz que várias páginas podem ser usadas pra apresentar o raciocínio de um só problema. 
"Esses problemas, em geral, são longos. É comum você gastar duas páginas, pode chegar a cinco páginas. Quem não conhece, acha que vão ser várias fórmulas, mas podem ser esquemas, diagramas pra explicar seu raciocínio. Você tem que ter um arsenal de questões."
Os competidores precisam provar que pensam bem além do que aprendem na escola. E quem define o nível de dificuldade é uma banca formada por professores que viajam junto com os alunos.
"E não é pra ser fácil. É pra ser uma competição. A olimpíada é pra ser, como no esporte, uma oportunidade de brilhar e fazer algo que é difícil." 
O professor da PUC-Rio Nicolau Saldanha fala com conhecimento de causa. Ele foi o primeiro brasileiro a ganhar um ouro na Olímpiada Internacional, em 1981. Pro matemático, os alunos que respondem com criatividade saem na frente. 
"É premiado o aluno que tem a ideia certa na hora certa, e que teve boas ideias pra resolver os problemas".
                            O professor Nicolau Saldanha foi o primeiro ouro brasileiro na IMO 
A prova soma 42 pontos, mas a nota de corte varia de acordo com o resultado geral. O objetivo é que 8% dos competidores recebam ouro; 16%, prata; e 32%, o bronze. A colocação do país depende do número de pontos por equipe. 
O diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, Marcelo Viana, espera que o Brasil fique entre os dez primeiros. Mas ele reconhece que há desafios ainda maiores. 
"Mas é claro que há outra meta,  que é a gente se organizar pra levar esses treinamentos cada vez mais a sério. Depois, é um evento com adolescentes. Então você imagina a responsabilidade que é ter quase mil adolescentes a solta no Rio. Isso tá dando cabelos brancos em alguns de nós."
Apesar de a elite da matemática abocanhar resultados cada vez melhores, você vai saber, na reportagem de amanhã, que a maioria dos estudantes do país ainda vive uma realidade bem diferente. 

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